Sobre direitos humanos.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, estabelece princípios fundamentais para garantir a dignidade e a igualdade de direitos entre todos os seres humanos. Logo no Artigo 1º, define-se que: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.

O documento contempla uma série de direitos essenciais e inalienáveis, entre eles:

Além disso, a declaração destaca que o direito a uma ordem social e internacional deve ser universal, de modo que os direitos e liberdades nela proclamados possam ser plenamente realizados, promovendo o respeito e o cumprimento desses princípios em todo o mundo

Por que sobre transmasculinidades?

A resposta é simples: a transmasculinidade é invisibilizada. Precisamos mudar essa realidade, e esta foi a forma que encontrei de fazer a minha parte.

Graças a muita luta, a (in)visibilidade trans e travesti tem se transformado nos últimos anos. Comparado a dez anos atrás, hoje existem muitas pessoas, personalidades e personagens trans conhecidas, dentro e fora do meio LGBTQIA+. Ainda assim, a comunidade trans está longe de alcançar reconhecimento pleno. Muitos confundem mulheres trans com homens trans, não sabem o que significa ser não binário ou ser travesti, além de todo o preconceito e ódio voltado à nova inimiga número um do mundo: a população trans.

Houve um aumento significativo de personagens e personalidades trans na mídia — em séries como Pose, Euphoria, Orange is the New Black, Heartstopper, entre outras — e na vida real, com nomes como Liniker, Linn da Quebrada, Erika Hilton, Alex Cosani, Kim Petras, Urias, entre muitos outros. Esse crescimento, no entanto, não se refletiu da mesma forma na representatividade transmasculina. Temos algumas figuras em destaque em séries, filmes e realities como Fanfik, The Umbrella Academy, Drag Race, Estrela da Casa, Ilhados com a Sogra e A Força do Querer — e esses são todos os que consigo lembrar, mesmo com esforço. Na política, além de Thammy Miranda (PL), praticamente não há representações, e na vida real são ainda mais escassas. O cissexismo e a transfobia colaboram com essa invisibilidade.

De forma alguma quero sugerir que mulheres trans e travestis são responsáveis por essa invisibilização. Elas também são vítimas de violência transfóbica e transmisógina. O ponto é que, com a falta de visibilidade transmasc, pautas específicas — como saúde — são ignoradas ou tratadas como se fôssemos pessoas cisgênero. Ainda é muito difícil obter dados populacionais, pois as poucas pesquisas voltadas a nós não alcançam larga escala. Entre as poucas informações que temos, uma das mais alarmantes é o alto índice de ideação e tentativa de suicídio entre homens trans.

Este blog é sobre transmasculinidades porque precisamos de um espaço onde a saúde e o ativismo histórico transmasculino sejam visibilizados. Porque precisamos que os diálogos sobre nossos corpos vão além do genital e da disforia. O propósito aqui é dar visibilidade às identidades transmasculinas para garantir nossos direitos — porque merecemos ser vistos, respeitados, reconhecidos e amados.